6 de setembro de 2010

Enoteca Maria, Staten Island

Todo mundo conhece um bom restaurante italiano. Afirmação imperativa. Afinal, eles estão espalhados, disfarçados e epidêmicos por ai. Quem nunca comeu uma fatia de pizza numa biboca ou um rigatone fresco com molho de tomate que levou dois dias para ser feito? O fato é que nem um nem outro é mais ou menos italiano e sim, que vale tudo no mundo gastronômico. Se a experiência culinária resumisse em um prato, muitos lugares teriam fechado as portas na primeira semana de existência.



Gostaria de escrever um parágrafo sucinto sobre este restaurante italiano que tive o prazer de conhecer, mas acho que sucinto se tornou impossível. Staten Island para mim até então era platônica e literalmente uma ilhazinha que se dizia condado perdida ao sul de Manhattan num mapa de metrô. A começar pela forma que se chega lá (pouco óbvia no mapa do metrô), uma balsa gigantesca. Não é o único meio de transporte, mas certamente o mais convencional e divertido. No caminho ainda da para ver de perto aquele presente de grego que os franceses devem se arrepender amargamente se soubessem que a palavra liberta, a.k.a freedom fosse tão longe.





A Enoteca Maria esta localizada a alguns quarteirões do pier. O lugar deve ter umas 12 mesas pequenas, isto é, 2 mesinhas para cada 4 pessoas. Joe Scaravella, proprietário, comanda o lugar com seu jeito excêntrico. Coloca para tocar Nessum Dorma, seguido de Come Together e The Police sem o menor pudor. Bom entendedor de vinho, Joe ficará enaltecido se perguntar sobre qualquer um dos integrantes da carta. O cardápio é extenso, o serviço eficiente, os ingredientes frescos e a chef, uma italiana pra lá de charmosa. A comida, esplêndida desde o anti pasti ao dolce. Para não ficar com a sensação de perda por escolha selecionei alguns favoritos. Figo recheado com gorgonzola embrulhado em prosciutto, flor de zucchini recheada com arroz arbório, hortelã e ricota, mussarella fresca feita com manteiga, carpaccio de polvo e molho de limão, e mexilhões com molho apimentado. Risottos, bucattinis e orichiettes de primi e para os corajosos linguine com lagosta, meio crânio de carneiro e coelho ao molho de tomate fresco. O bolinho de chocolate com ricota e berries é de dar vontade de nunca mais comer outra sobremesa na vida.








Não me pergunte se ha pretensão, porque certamente já sabe a resposta. No entanto não me incomoda. Considerando que a minha memória sensorial (duração média de 2 segundos) se tornou memória de curto prazo voltaria lá quantas vezes fossem. A volta, uma melancolia resultante de um extenso prazer misturada com algumas taças de vinho fez Manhattan parecer outra..



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